A cada dia as deficiências de infraestrutura de Belém para sediar a conferência climática COP30 se tornam mais críticas. Devido às incertezas e às especulações com as acomodações para as delegações, com cobranças de diárias surreais de R$ 2 milhões, vários governos estrangeiros já colocam em dúvida a sua participação. E não fica nisso. A seção internacional do aeroporto da capital paraense só tem capacidade para atender a 250 pessoas por hora, e até agora a administradora do terminal e as autoridades relevantes não anunciaram quaisquer providências para solucionar o problema.
Uma sugestão já feita aqui, pelo menos para abrigar os representantes da constelação de ONGs que costuma frequentar as COPs, seria distribuir os visitantes por habitações dos ribeirinhos e malocas indígenas nas vizinhanças da cidade. Pelo menos, lhes proporcionaria uma visão realista das condições de vida da grande maioria da população amazônica.
Mas os problemas não eram imprevisíveis, muito ao contrário, eram amplamente sabidos no momento em que, num arroubo, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva lançou a candidatura da capital do Pará para sediar uma “COP na Amazônia”, talvez, já pensando na visibilidade internacional que poderia conseguir em sua pretensão de apresentar-se ao mundo como um paladino verde. E, no âmbito interno, em se cacifar para a reeleição, talvez, tendo como companheiro de chapa o governador paraense Hélder Barbalho.
E, a julgar pelo andar da carruagem, ou melhor, pelo trajeto da canoa, a COP30 bem pode acabar sendo uma versão 2.0 do proverbial baile da Ilha Fiscal para a agenda verde e, quem sabe, do próprio governo Lula.