A edição deste ano dos Encontros Climáticos de Junho das Nações Unidas (SB62), em Bonn, Alemanha (16-26 de junho), conferência preliminar realizada antes das COPs, deixou indícios de que a COP30, em Belém, em novembro próximo, pode estar rumando para uma forte tempestade.
O tema central, que também deverá ser o da COP30, foi o “financiamento climático”, a pretendida tsunami de dinheiro a fundo perdido (US$ 1,3 trilhão/ano) que a indústria da descarbonização da economia quer arrancar dos países desenvolvidos, para financiar uma “transição energética justa”, eufemismo para o abandono dos combustíveis fósseis por fontes ditas limpas, como energia eólica e solar, e a eletrificação dos meios de transporte.
Pois a presidente do Instituto Talanoa, uma das ONGs mais engajadas na promoção da agenda no Brasil, Natalie Unterstell, resumiu a preocupação crescente dos descarbonizadores: “O tema do financiamento segue como o grande elefante na sala e Bonn falhou em criar um espaço claro para discutir como, de fato, os recursos necessários serão entregues.”
Como disse o secretário-executivo de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, Simon Stiell: “Eu não vou dourar a pílula – nós temos muito mais o que fazer antes de nos reunirmos novamente em Belém.”
Mas os problemas não param aí. Em Bonn, a delegação oficial brasileira foi fortemente questionada por representantes de vários governos, em função dos altos custos de hospedagem na capital paraense, que têm sido objeto de uma forte especulação pela rede hoteleira e outros agentes privados locais. Se não conseguir uma solução satisfatória para o problema, o Brasil poderá receber do Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas a formalização de um pedido de mudança da sede da conferência.
É o que dá, pretender realizar uma “COP da Amazônia”, região que não dispõe de condições de infraestrutura para receber uma conferência desse porte. Agora, abraçado à sua ministra-porta-bandeira verde Marina Silva, o presidente Lula vê nuvens escuras formando-se no caminho para Belém.