No artigo “USAID planeja ocupação da Amazônia”, Lorenzo Carrasco expôs, na edição do jornal “Solidariedade Íbero-americana”, da 2a. quinzena de maio de 2007, o plano do governo de George W. Bush, por intermédio da USAID para lançar um programa com a participação de uma coalizão de ONGs para implementar programas de intervenção no desenvolvimento da Amazônia.
Tratava-se da Iniciativa para a Conservação da Bacia Amazônica (ABCI, na sigla em inglês), um programa para, segundo a USAID, recrutar povos indígenas, “povos tradicionais” (quilombolas, p. ex.) e ONGs (nacionais e estrangeiras) para criar uma rede de “governança ambiental”. O programa foi anunciado oficialmente em janeiro de 2007.
Por rede de governança ambiental tratava-se de um mecanismo de controle efetivo dos territórios demarcados como reservas, ambientais e/ou terras indígenas, para obstaculizar o desenvolvimento do Brasil e seus vizinhos no continente vistos como ameaça à integridade do meio ambiente. Tudo em nome da conservação do meio natural e dos direitos dos povos indígenas, contando com a participação de órgãos do Estado brasileiro nesta empreitada.
“A USAID luta por uma Bacia Amazônica em que os povos indígenas e tradicionais e outras partes interessadas na conservação (para que possam ser) guardiões efetivos da diversidade biológica e dos serviços ambientais de importância global da Bacia”, dizia o documento oficial da ABCI, da agência do governo estadunidense.
O propósito do projeto era coordenar todos os programas do governo dos EUA para a região, em parceria com organizações regionais e ONGs. Dessa maneira buscavam criar “barreiras verdes” em volta de Rondônia, com ações de conservação no sudoeste do Amazonas, no Peru e na Bolívia, para obstaculizar a BR 319, o gasoduto Urucu – Porto Velho e a hidrelétrica do Rio Madeira. Com isso, também criariam barreiras para saída logística do Brasil para o Pacífico.
Na ocasião, a circulação da matéria assinada por Lorenzo Carrasco serviu como denúncia à medida, visto o bloqueio do assunto na grande mídia, causando impacto na sociedade e nos meios militares e no Itamaraty. Assim, em final de maio de 2007, o então ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, determinou a suspensão do acordo.
Nesta semana, a USAID, outrora prestigiada, encontra-se sob ataque do governo Trump, sobretudo por Elons Musk, que a chamou de covil de radicais e que deve ser extinta.