Ninguém discute que a atual temporada de incêndios florestais e nas áreas rurais brasileiras é das mais intensas dos últimos anos.
Apenas no bioma Amazônia, o fogo já atingiu uma área maior que 40 mil km2, com o bioma Pantanal e o estado de São Paulo também sendo seriamente afetados. Em São Paulo, apenas no setor agropecuário os prejuízos já passam de R$ 1 bilhão. Mesmo assim, o radicalismo ideológico ainda insiste em responsabilizar o setor pelos problemas, como parte de um empenho maior em apontar o Brasil como “incompetente” para administrar os seus biomas.
No sítio do MST, por exemplo, encontra-se esta “pérola”: “(…) Não há como apontar o desenvolvimento e atuação do agronegócio sem considerar os crimes ambientais cometidos por ele. As queimadas refletem diretamente essa condição do agronegócio em se beneficiar economicamente da exploração da natureza causando uma diversidade de crimes contra ela, crimes esses que são socializados e sentidos primeira e intensamente pela classe trabalhadora.”

Combate a uma queimada no bioma Amazônia (foto: Fábio Pozzebom/Ag. Brasil)
…o radicalismo ideológico ainda insiste em responsabilizar o setor [agropecuário] pelos problemas, como parte de um empenho maior em apontar o Brasil como “incompetente” para administrar os seus biomas.
Ora, em São Paulo, os produtores se uniram aos esforços dos governos estadual e federal, disponibilizando aviões, caminhões-pipa e milhares de brigadistas para combater os incêndios, dos quais há suspeitas de que pelo menos parte tenha tido origem criminosa.
Acontece que incêndios florestais são fatos corriqueiros em todo o mundo, só não existem onde não há florestas, mas as suas repercussões propagandísticas nem de longe se comparam às que acompanham as referentes ao Brasil, que uma legião de militantes, inclusive em órgãos públicos, fortemente apoiados por uma mídia acrítica e viciada em sensacionalismo, faz o jogo da “Máfia Verde”, rotulando o país como um ecocida planetário.
Nos EUA, a temporada de incêndios de 2020 foi tão devastadora como a brasileira deste ano. Em 2023, o Canadá perdeu mais florestas para o fogo do que o bioma Amazônia em dez anos. Na Austrália, em 2019-20, o fogo devastou uma área ainda maior, equivalente a mais de cinco vezes a perdida no Brasil até agora em 2024. Na Rússia, em 2021, a área queimada foi quatro vezes maior.
E não falemos da taxa de perda geral das florestas boreais do Hemisfério Norte para cortes, desmatamento e incêndios, que, segundo o Greenpeace – no caso, insuspeitíssimo –, foi 50% maior que a da floresta amazônica entre 2000 e 2013. Algum dos internautas ouviu falar disto? E será que esses índices se alteraram de forma significativa, desde então?
Enfim, não se trata de propor tais comparações para minimizar a escala e a gravidade dos problemas ambientais brasileiros, mas apenas de tentar colocá-los em uma perspectiva maior que não justifica, de forma alguma, a insidiosa manipulação ideológica e política deles.