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18 de outubro de 2025 por Redação

Bons ventos em Roraima

Bons ventos em Roraima
18 de outubro de 2025 por Redação

A economia de Roraima avança, apesar de todas as dificuldades postas pelo governo e pelas pressões internacionais.

Em 27 de maio de 2011, o então ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, então atuando como um próspero consultor político, proferiu uma palestra na Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA). Na ocasião, respondendo a questionamentos de empresários de Roraima sobre as restrições impostas às atividades econômicas no estado pelas políticas ambiental e indigenista implementadas pelo governo federal, ele afirmou sem corar:

“O Brasil tem que cumprir compromissos internacionais assumidos para a proteção da natureza e minorias indígenas. Então, vocês de Roraima podem esquecer a ideia de se desenvolver utilizando os recursos minerais, hidráulicos e a produção agrícola. Roraima tem só 450 mil habitantes, se sobra apenas 6% da área, têm que pensar em outra forma de desenvolver o estado (Notícias Agrícolas, 11/06/2011).”

Felizmente, para o estado e o Brasil, os roraimenses não seguiram a provocativa sugestão, não esqueceram a ideia de desenvolver atividades econômicas baseadas nos seus vastos recursos naturais e começam a colher os frutos da sua tenacidade.

Um desses recursos é a soja, hoje o principal produto de exportação do estado, cujos cultivos remontam ao início da década de 1990 e vêm sendo expandidos com rapidez. Desde 2018, a área plantada passou de 57 mil hectares para 132 mil hectares plantados, esperando-se para este ano uma colheita superior a 500 mil toneladas, que deverá movimentar mais de R$ 900 milhões.

Crucial para esse avanço, além do apoio institucional dos governos estadual e municipais, é o trabalho da Embrapa Roraima, que desenvolve cultivares específicos para as condições de clima e solo do estado. Além de soja, há pesquisas com variedades de café e trigo, cultivos que poderão contribuir poderosamente para consolidar o estado como uma nova fronteira agrícola.

E nunca é demais lembrar que o Brasil é o único país do mundo que planta soja e trigo na linha do equador.

Em 11 de outubro, teve início um ambicioso empreendimento de infraestrutura de grande relevância para os produtores locais, com o início das operações da Estação de Transbordo de Cargas (ETC) da empresa Amaggi, em Caracaraí, permitindo o transporte de grãos pelo rio Branco, em comboios de balsas com capacidade para 2 mil toneladas, equivalente a 40 caminhões. Até agora, o transporte da soja roraimense era feito exclusivamente pela rodovia BR-174 (Manaus-Porto Velho), um trajeto de 763 quilômetros, que, ainda por cima, é prejudicado pelo fechamento da via entre 18h e 6h, no trecho que atravessa a Terra Indígena Waimiri-Atroari, problema que se arrasta sem solução há décadas.

Com a disponibilidade do transporte hidroviário, os carregamentos são levados por caminhões por 155 km até Caracaraí e ali embarcados para uma viagem de 905 km pelos rios Branco e Amazonas até o terminal da empresa em Itacoatiara (AM).

Na primeira fase, a operação deverá movimentar entre 60-70 mil toneladas de soja, assegurando uma economia de até R$ 80 por tonelada no frete e uma redução de até 74% no transporte rodoviário de grãos. No sentido inverso, a rota permitirá o transporte de calcário e fertilizantes, reduzindo os custos para os produtores locais (GlobalFert, 14/10/2025).

A Amaggi corre contra o tempo para embarcar a safra colhida até o final do mês, para evitar o período seco do rio Branco, que vai de outubro a março, quando o tráfego de balsas se torna inviável pela ocorrência de vários trechos rochosos.

Estudos feitos na década passada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) mostram a viabilidade da implementação de uma eficiente hidrovia no rio Branco, com as obras de derrocamento, dragagem, balizamento e sinalização adequadas.

Em setembro, depois de décadas de espera e um atraso de dez anos causado pelas manobras do aparato indigenista, os problemas dos roraimenses com o abastecimento de eletricidade chegaram ao fim, com a energização do Linhão Manaus-Boa Vista, que conecta o estado ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

E o estado tem potencial para tornar-se autossuficiente na geração elétrica e ainda exportar via SIN, caso seja construída a usina hidrelétrica de Bem Querer, no rio Branco, em Caracaraí, com potência projetada de 650 megawatts (MW), atualmente em fase de estudos de viabilidade.

Outras notícias positivas referem-se aos recursos minerais.

Em setembro, geólogos da Universidade Federal de Roraima (UFRR) identificaram altas concentrações de elementos de terras raras em uma fazenda privada em Caracaraí. Embora ainda seja necessário um programa de sondagens para confirmar se se trata de uma jazida comercial, o geólogo Vladimir de Souza está otimista: “Tem a ocorrência e os valores desta ocorrência estão bem acima do normal encontrado. Então, você encontra [elementos com teores] 100 vezes acima do que é normal. Já é um bom indicativo, porque as outras ocorrências que a gente encontra são pequenas, com um elemento muito alto. Essa área tem vários elementos com altíssima concentração (G1, 03/09/2025).”

Este mês, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) anunciou a inclusão da Bacia do Tacutu, no norte de Roraima, entre as áreas que serão futuramente oferecidas para exploração de hidrocarbonetos. Situada próxima à fronteira com a Guiana, a Bacia do Tacutu apresenta indícios favoráveis à presença de petróleo, já levantados pela Petrobras e a UFRR.

Aliás, a Guiana, que vem crescendo rapidamente com a exploração petrolífera, planeja a construção de uma rodovia de 600 km até a fronteira com o Brasil.

Se as perspectivas positivas em torno dessas pesquisas se confirmarem, as sinergias resultantes dessas atividades econômicas poderão impulsionar Roraima a um novo patamar de desenvolvimento, deixando definitivamente para trás a prerrogativa de “protetor da natureza” que lhe foi imputada por José Dirceu e seus correligionários ideológicos.

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