Brasil e Argentina devem assinar acordo para a compra de gás das jazidas de Vaca Muerta, após a reunião do G-20. Enquanto isso, petróleo da Margem Equatorial permanece intocado.
Brasil e Argentina preparam acordo para compra de gás das jazidas de Vaca Muerta, que prevê o fornecimento inicial de dois milhões de metros cúbicos de gás por minuto. O acordo também envolveria a Bolívia, usando a estrutura do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gabsol).
As jazidas situam-se na província de Neuquén e serão exploradas pela tecnologia de fraturamento hidráulico (fracking, em inglês), proibida no Brasil e que causa contaminação do solo. Contudo, o acordo já vem sendo discutido há alguns anos, tendo em vista a diminuição das reservas bolivianas, escoadas para o Brasil pelo Gabsol. Vaca Muerta é o maior polo produtor por fracking fora dos EUA e Canadá, que não tem legislação ambiental proibitiva para a prática (apesar de posarem de “campeões morais” do ambientalismo na Amazônia).
É por esta razão que o acordo só deve sair depois da Reunião de G-20, pois o presidente Lula não quer estragar sua imagem de “campeão do ambientalismo”, entre os chefes de Estado, em um evento que contará com a presença de líderes mundiais e representantes do ambientalismo, que, mesmo assim estarão presentes durante as diversas reuniões do bloco.
Mas não deixa de ser o cúmulo da hipocrisia o Brasil comprar gás de um país vizinho por uma técnica danosa ao meio ambiente enquanto as reservas de petróleo na Margem Equatorial permanecem intocadas, sob a alegação de “risco ambiental”, quando a Petrobras domina totalmente a tecnologia de exploração de modo seguro do petróleo em plataforma continental. E mesmo com o Greenpeace admitindo que o risco de vazamento de óleo para a costa brasileira é nulo, em caso de algum problema.
Contudo, o acordo para exploração de petróleo em Vaca Muerta é importante pelo volume de gás: prevê-se que em três anos, o fornecimento aumente para 10 milhões m³/minuto e em 30 milhões até 2030. Desde 2013, antes do estouro das investigações da Lava Jato, que o Brasil não constrói 1km de gasoduto.