Celebrada pelo governo federal e do Pará, a COP 30 enfrenta problemas a vários meses antes de seu início.
Primeiramente, pelas mudanças políticas nos EUA, com os EUA fora do Acordo de Paris e com o presidente Trump fazendo pouco caso das preocupações ambientais, ao contrário de seu predecessor, Joe Biden.
No Pará, problemas quanto à organização continuam a surgir, com a preocupação de que não haja infraestrutura de acomodação para os visitantes do evento, a acontecer em novembro deste ano. Estima-se que o número de visitantes chegue a cerca de 50 mil e – com a falta de hotéis – o governo do Pará utilizará escolas para abrigar o público da COP.
Por outro lado, pesquisadores da região amazônica manifestam contrariedade pela exclusão da organização, que ficou sob controle da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Universidade de São Paulo (USP). Essa medida foi duramente criticada pelas pesquisadoras Violeta Loureiro e Marilene Corrêa, da Universidade Federal do Pará (UFPA).
“A escolha dos grupos [FGV e USP), instituições de alta competência, mas, de certa forma, é a reprodução de uma mentalidade colonialista que se reproduz internamente. É mais um exemplo desse comportamento de como o governo central brasileiro, historicamente, sempre, e até hoje, imagina a Amazônia como uma colônia do resto do Brasil”, afirmou Loureiro, autora do livro “Amazônia, colônia do Brasil” (Ed. Valer).
Para Marilene Corrêa, o fato de a organização se situar em instituições sediadas em São Paulo significa pouca participação das partes interessadas que vivenciam os problemas da Amazônia, mas que são mapeadas por instituições locais, sediadas na região.
Por outro lado, ela também argumenta que pautas da COP 30 são articuladas pelo Protocolo de Governadores, fórum de lideranças, sob o comando do governador Helder Barbalho, em nível estadual e federal, mas que exclui movimentos sociais e sindicatos regionais, afastando mais a pauta das demandas dos habitantes da Amazônia.
Em meio a isso, o governo do Pará enfrenta uma ocupação de lideranças indígenas da Secretaria de Educação do Estado (Seduc), que já dura duas semanas. Os manifestantes pedem a revogação da Lei 10.820/2024, que altera o sistema de ensino, reduzindo conteúdo presencial para os alunos em comunidades afastadas, como é o caso dos indígenas, fazendo com que os alunos tenham a opção de se manter em ensino à distância ou se deslocar para centros urbanos para as aulas presenciais.
Sobre a atuação do governador, que parece ignorar os problemas que vem surgindo dentro do Pará, até mesmo o ativista indígena Ailton Krenak criticou a postura de Barbalho. “Helder parece determinado a sabotar ele mesmo na COP 30! Sem os povos indígenas e repudiado pelo movimento social, o governo dá tiro no pé”, disse ele, em postagem em rede social.