Ao que tudo indica, a convocação do presidente da conferência climática COP30, embaixador André Corrêa do Lago, para uma guerra contra o “inimigo comum” da humanidade, as mudanças climáticas (a rigor, uma guerra contra um pleonasmo, pois a mudança é o estado natural do clima da Terra), não será suficiente para salvar a conferência de Belém de um fiasco histórico e, muito menos, a indústria da “descarbonização”, que se parece cada vez mais com um balão apagado.
Na verdade, o balão da “descarbonização” já vinha perdendo impulso visivelmente nas duas COPs anteriores, em Dubai e Baku, diante da realidade da inviabilidade da substituição acelerada do uso de combustíveis fósseis, principalmente, pelos países em desenvolvimento. A constatação de que o badalado e nunca concretizado financiamento climático não está e nunca esteve na agenda dos países desenvolvidos, compartilhada pelos observadores realistas da agenda climática, só reforça a tendência.
Evidências disso são os abandonos, uns discretos e outros ostensivos, das pautas ligadas à “sustentabilidade”, “transição ecológica”, “agenda ESG” e outros rótulos altissonantes do ramo, pelos pesos pesadíssimos da alta finança global – megabancos e megafundos de gestão de ativos – e pelas “majors” petroleiras – BP, ExxonMobil, Chevron, Equinor e outras –, estas voltando a concentrar esforços no seu “core business”, petróleo e gás natural.
Mas o coup de grace na indústria descarbonizadora foi a volta de Donald Trump ao governo dos EUA, onde se apressa em desmontar toda a arquitetura financeira e regulatória que sustenta a guerra contra o carbono, inclusive, o financiamento do vasto aparato de ONGs ambientalistas que atua como tropas de guerra irregular da estratégia “verde”. Não é à toa que muitas delas estão choramingando, por exemplo, o fechamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), uma de suas principais fontes de recursos.
E avolumam-se os indícios de que o “efeito Trump” está atravessando o Atlântico e influenciando a Europa, o outro pilar da indústria do catastrofismo ambiental e climático.
Assim sendo, não será surpresa se a COP30 acabar vindo a representar o proverbial dobre de finados para essa gigantesca máquina anticivilizatória que é o aparato ambientalista-indigenista internacional. Com direito à ironia histórica de que esse impulso global, lá atrás na década de 1980, começou com o Brasil como alvo prioritário, com a enxurrada de acusações de negligência com a “proteção” da Amazônia. Talvez, esse ciclo nefasto se encerre, justamente, na “COP da Amazônia”.