A oito meses da conferência climática COP30, o problema crucial da precariedade da infraestrutura para a hospedagem das dezenas de milhares de pessoas esperadas ressalta a inconsequência da decisão de sediar o evento numa cidade como Belém (PA). Até agora, o efeito mais visível é uma explosão especulativa dos preços para hospedagens residenciais via aplicativos tipo Airbnb, que chegam a inacreditáveis R$ 2 milhões por 11 dias de hospedagem.
Como já sugerimos antes por aqui, talvez, os organizadores do convescote climático pudessem direcionar uma parte dos visitantes, principalmente, os representantes de ONGs ambientalistas, para palafitas ribeirinhas tradicionais da região, o que, além de proporcionar uma boa renda extra aos habitantes locais, daria aos “ecológicos” visitantes uma preciosa experiência das condições de vida reais de grande parte da população amazônica.
Mas o problema maior não é a hospedagem, mas a idiossincrasia hipócrita de discutir uma “guerra contra a mudança climática”, usando as palavras do presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, numa cidade que expõe às claras o maior problema ambiental do Brasil e do mundo, a escassez de infraestrutura de saneamento básico, que, no caso, afeta mais de 80% da população de Belém.