O Instituto Clima e Sociedade é uma organização não governamental fundada em 2015 por Ana Amélia Campos Toni. Seu foco é na intermediação de financiamentos para instituições e projetos de “enfrentamento das mudanças climáticas” no país. Sua sede fica no Rio de Janeiro.
O iCS surgiu financiado por uma doação de US$ 1,79 milhões da Climateworks Foundation, dos EUA. Seu presidente na época era John Podesta, político do Partido Democrata ligado ao casal Clinton e a Barack Obama. No governo Biden, Podesta substituiu John Kerry como emissário do Clima.
A Climateworks, por sua vez, recebeu apoio financeiro na operação de criação do iCS da Oak Foundation (US$ 2,6 milhões), da Open Society, de George Soros, e da Fundação Ford. Na época, a Oak Foundation era presidida por Douglas Griffiths, funcionário do Departamento de Estado, ex-embaixador dos EUA em Moçambique, que hoje compõe o Conselho Deliberativo da iCS.
A fundadora da iCS, Ana Toni, fez sua formação no Reino Unido, na Universidade de Swansea, País de Gales, e na London School of Economics, antes de iniciar carreira no terceiro setor, passando pelo Greenpeace, Fundação Ford e Action Aid. Em 2023, desligou-se formalmente do iCS para assumir a Secretaria da Mudança do Clima, estando logo abaixo da ministra Marina Silva.

O iCS surgiu no mesmo ano dos Acordos de Paris de 2015, para implementar a agenda climática no Brasil. Segundo o sítio oficial da organização, mais que um financiador, quer ser uma instituição que “promove o diálogo entre setores, agrega conhecimento e estabelece redes de informação, de inteligência e de cooperação, em uma combinação de estratégias para promover maior ambição brasileira na agenda climática”. Tem como objetivos que o Brasil promova uma redução de 66% das emissões até 2030 e emissões negativas de carbono até 2100, “com crescimento econômico e justiça social”, em compatibilidade com os Acordos de Paris.
Seu relatório de atividades de 2023 aponta que recebeu doações de instituições como o Bezos Earth Fund (Amazon), European Climate Foundation, a Embaixada da Alemanha no Brasil, a IKEA Foundation, o Instituto Itaú S.A., de João Moreira Salles (Itaú Unibanco), a Open Society e a Walmart Foundation.
Aponta que o apoio do iCS a instituições beneficiadas contribuiu para várias ações do governo em 2023. Com destaque para as diretrizes do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), para decisões do BNDES quanto ao destino e ao formato dos projetos de financiamento, no desenvolvimento de softwares usados por autarquias e empresas públicas como Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a Embrapa e o IBGE, além das políticas de financiamento do Plano Safra para a agricultura.
Também cita o apoio dado ao Instituto Igarapé no desenvolvimento de um protocolo de risco para projetos que envolvam desmatamento ilegal junto à FEBRABAN.
Entre as instituições apoiadas pelo iCS está o Observatório do Clima, a ONG que entrou com uma ação pública contra a União para interrupção das obras de reconstrução da BR-319 por risco ambiental de desmatamento, ainda que em detrimento dos usuários da rodovia que liga Manaus e Porto Velho, por qual passam cadeias de suprimento para a capital do Amazonas.
O iCS compõe junto com o Instituto Socioambiental e a Fundação Amazônia Sustentável o trio das ONGs mais ricas do país. Só em 2023, de acordo com dados próprios, fizeram doações na casa dos R$ 88 milhões.
O iCS é o exemplo de rede de conflito de interesse, na qual uma organização que recebe financiamento de organismos externos (fundações ligadas a grandes corporações econômicas e órgãos de governo de outros países) e de grandes grupos financeiros brasileiros usa seu poder para influir em políticas de Estado, seguindo a agenda malthusiana de esgotamento dos recursos naturais e de apocalipse climático, sem controle dos órgãos de Estado.
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