Por Lorenzo Carrasco.
Em meio ao choque de realidade proporcionado na conferência climática COP-28, o qual demonstrou cabalmente a inviabilidade da eliminação dos combustíveis fósseis em um prazo previsível, a energia nuclear ganhou um novo vigor, sendo apontada como uma das fontes energéticas necessárias para uma transição ordenada para fontes com menores emissões de carbono. Agora, a pauta proposta é triplicar a oferta de eletricidade de origem nuclear até 2050.
A China, Índia, Rússia, Turquia, Egito, Coreia do Sul e outros países não esperaram pelas negociações em Dubai, e concentram a maior parte dos 70 reatores nucleares em construção em todo o mundo (24 só na China). Na África, vários países estão embarcando em ambiciosos programas na área nuclear, como parte de um decidido empenho contra o que muitos chamam o “colonialismo climático” do Ocidente, que lhes propõe que não usem os seus recursos em hidrocarbonetos para não prejudicar a utópica meta do “carbono líquido zero” em 2050.
Enquanto isso, o Brasil simplesmente parou no tempo. A usina Angra 3 está há três décadas à espera de conclusão e os sucessivos governos deste período não demonstraram qualquer interesse sério no programa nuclear nacional. E, se depender do atual, melhor nem sonhar, pois a grande preocupação é converter o País em um gigantesco “sumidouro” de carbono, com uma meta irreal de “desmatamento zero” até 2030 e uma expansão rápida das ineficientes e intermitentes fontes eólicas e solares.
Até a Petrobras quer tornar-se uma grande exploradora de eólicas “offshore” – caríssimas e problemáticas, que já estão sendo contestadas e, em alguns casos, abandonadas na Europa. Melhor faria em apoiar o desenvolvimento do setor nuclear, inclusive, a construção do Laboratório Nacional de Fusão Nuclear, que dificilmente sairá do papel sem um impulso desses.