O Ibama rejeitou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para a construção da Usina Hidrelétrica de Bem Querer, em Roraima.
Segundo o órgão ambiental, não foi apresentado o Estudo de Componente Indígena (ECI), nos documentos apresentados pela EPE. Dessa maneira, o EIA foi devolvido à empresa.
A UHE de Bem Querer ficaria situada no município de Caracaraí, no curso do Rio Branco, a 20 km leste da Terra Indígena Ianomâmi, o que, segundo Ibama, mesmo estando fora da TI, demandaria estudos de impacto das obras e do alagamento de terras nos territórios dos indígenas.

Por sua vez, a EPE afirmou que seu estudo segue o Termo de Referência elaborado em 2015 e o Plano de Trabalho aprovado pela Funai, que ficaria responsável por aprovar o ECI e outros estudos de impacto nas populações ianomâmis. Além disso, segundo a estatal federal responsável pelo planejamento da ampliação do setor energético nacional, a Funai não atendeu seu pedido de auxiliar na elaboração do ECI, que seria enviado junto ao Ibama.
A Funai alega que está com suas operações comprometidas na TI Ianomâmi por causa da emergência de saúde entre os habitantes.
O projeto da UHE de Bem Querer é antigo e foi desengavetado em 2013, com capacidade de geração de 650 MW, com reservatório fio d´água, e 150 km de linhas de transmissão, de 500 kV, até a subestação de energia de Boa Vista. O projeto também contempla a construção de uma eclusa para navegação de Caracaraí até a capital de RR.
Sem a UHE sair do papel, Roraima fica dependente da geração de energia por termelétricas a diesel, apesar das iniciativas de construção de usinas de biomassa. Roraima ainda não está integrada ao Sistema Integrado Nacional (SIN), de modo que não pode receber energia do restante do país. A UHE de Bem Querer seria um ponto de conexão ao SIN pelo Linhão de Tucuruí em direção a Manaus, embargada pelo MPF por passar pela Terra Indígena Waimiri Atroari.
