Como o presidente, já às voltas com uma queda livre de popularidade e com a perda do apoio político de Joe Biden (sem falar de uma União Europeia onde a rejeição à agenda “verde” só aumenta), não tem qualquer intenção de contrariar a poderosa e intocável suma sacerdotisa da Igreja Fundamentalista do Santuário Amazônico, sua ministra Marina da Silva.
Por isso, não resta dúvida razoável para qualquer observador imparcial de que o governo Lula não tem qualquer intenção de aprovar a licença ambiental para a perfuração pela Petrobras de um poço exploratório no litoral do Amapá, parte crucial do programa da empresa para a exploração da Margem Equatorial Brasileira, a promissora nova fronteira petrolífera do País.
“Não consigo prever. A Petrobras apresentou um novo plano de emergência em dezembro, que está sendo analisado pela equipe. O plano se baseia em uma nova base de atendimento que está sendo construída e que, segundo a companhia, deverá ser inaugurada no final de março”, justificou-se ao Estadão/Broadcast.
Não há qualquer justificativa técnica para tal protelação, e Agostinho e sua chefe Marina Silva sabem muito bem disso, assim como o corpo técnico do Ibama, constituído por profissionais qualificados aprovados em rigorosos concursos públicos.
A Petrobras tem um currículo impecável de operações no mar desde a década de 1970, tendo perfurado mais de 6 mil poços em alto mar, sendo mais de mil de produção, sem uma única ocorrência de vazamento sério. Desde 1986, também explora petróleo e gás natural em Coari (AM), no sítio de Urucu, área rodeada de floresta e muito mais sensível em termos ambientais do que o litoral do Amapá, igualmente sem qualquer acidente.
Trocando em miúdos, salta aos olhos que a protelação é ideológica e política. A ostensiva intenção da ala ambientalista de Marina é seguir adiando “sine die” a concessão da licença até a realização da conferência climática COP30, em novembro, quando julgam que seria politicamente desconfortável para a pretensão de Lula de se apresentar em Belém como paladino da “proteção ambiental” da Amazônia e do clima global.