Carlos Nobre é um dos maiores defensores da causa do aquecimento global antropogênico no Brasil. Em entrevista à Agência Brasil, publicada em 23 de setembro, usou palavras duras: por causa de sua atividade econômica, o homem é “doença do planeta”.
Para ele, a humanidade precisa já reduzir sua emissão de gases como o CO2 para já, caso contrário o superaquecimento da Terra levaria a catástrofes climáticas que inviabilizariam a vida humana daqui a algumas décadas. O que se faria ou pela redução drástica da atividade econômica, fazendo regredir o padrão de vida das sociedades, ou pela transição energética radical, na linha das emissões zero de carbono (net zero) até 2050. Nesta linha seguem as políticas que a União Europeia vem tentando adotar nos últimos anos, não com muito sucesso.
A frase de Nobre que associa o progresso e o crescimento populacional a uma doença ressoa forte nos círculos ambientalistas. Como consequência, observa-se, sobretudo na Europa e nos EUA movimentos que tomam essa ideia ao pé da letra e promovem agendas que vão desde o “Movimento pela Extinção Humana Voluntária” até o “Childfree. Este é composto por casais jovens, em perfeitas condições reprodutivas, que são contra a geração de crianças. Organizam-se difundindo essas ideias, como se a não geração de filhos fosse uma “postura ética”, pois assim estariam atuando para evitar a superpopulação.
Nos EUA, o movimento childfree tem amplo apoio e já conta com mais de 40 organizações inscritas, incluindo Childfree by Choice Project, No Kidding, The NotMom. Em 2023, 47% dos adultos com menos de 50 anos disseram que é improvável que tenham filhos nos EUA.
O No Kidding (NK) é uma organização internacional para pessoas sem filhos criado em 1984 em Vancouver, Canadá, e que cresceu muito desde então, contando com 40 células ativas no Canadá e nos EUA. O movimento também é popular na Itália, na Espanha e na Nova Zelândia.
A associação britânica sem filhos Kidding Aside foi fundada em 2000 e promove um estilo de vida sem filhos como uma alternativa igual à paternidade. Uma pesquisa de 2024 mostra que 15% dos britânicos com idade entre 18 e 24 anos não querem ter um filho, e esse número aumenta nos grupos mais velhos.
A veia do ambientalismo radical está presente no Movimento pela Extinção Humana Voluntária. Para estes, a extinção humana seria a única forma de evitar a “degradação ambiental”.
O que o alarmismo de Carlos Nobre e esses movimentos contra a vida têm em comum? Basicamente, são rebentos do malthusianismo, da velha crença de que a população humana cresceria mais rápido do que os recursos naturais disponíveis para sustentar a população. Tese que se provou falsa no século XX, em que os imensos ganhos de produtividade agrícola permitiram uma oferta de alimentos cada vez mais abundante para o consumo das sociedades modernas. Se o consenso climático formado em prol da tese do aquecimento global procura afastar vozes dissonantes no meio científico, apelidados de “negacionistas”, os recordes de safra no Brasil nos últimos anos provam o contrário.