A gigante varejista francesa participa de organização que estipula critérios ambientais para excluir produtores e impor Moratória da Soja.
Protagonista de um boicote à carne brasileira no mercado francês, o Carrefour é membro do Roundtable on Responsible Soy (RTRS), uma organização baseada na Suíça, para a produção, comercialização e uso “sustentável” da soja, cujo objetivos seria monitorar os padrões de produção, processamento, comercialização e consumo da soja de acordo com os critérios da agenda ESG.
O RTRS foi criado em 2006 e serviu para ajudar na implementação da Moratória da Soja, ao conceder a produtores certificados de produção de soja, de maneira “sustentável”, a produtores no Brasil e na Argentina. Dele também fazem parte grandes empresas como a Danone, Nestlé, Santander, BTG, Cargill, Bayer, Bunde e as ONGs The Nature Conservancy (TNC), Imaflora, WWF e World Resources Institute (WRI).
Pela sua atuação na Moratória da Soja, o Carrefour também está participando do projeto na ONG MapBiomas, que, em cooperação com a TNC e também com o Ministério Público Federal, está implementando mecanismos rígidos de rastreabilidade do gado brasileiro, sobretudo na Amazônia, contribuindo para o TAC da Carne.
A Moratória é um acordo firmado entre ONGs ambientalistas e entidades representativas dos cartéis internacionais de alimentos, que exclui do circuito comercial qualquer produção realizada em áreas do bioma Amazônia desmatadas depois de 2008. Já o The Nature Conservancy é uma das maiores ONGs dos EUA, que conta com apoio financeiro de grandes grupos da indústria química e do petróleo e do banco JP Morgan, além de receber recursos da agência de governo US Aid.
A Moratória da Soja, por sua vez, vai contra as leis brasileiras, sobretudo o disposto no Código Florestal de 2012, que permite desmatamento de até 20% da área da propriedade na Amazônia, excluindo, assim, milhares de produtores que não se adaptam aos critérios desenvolvidos por órgãos privados estrangeiros como o RTRS.
O governo brasileiro, que se deu por satisfeito pelo tímido pedidos de desculpas do Carrefour, de nada a age para proteger esses produtores, quando não contribui para a imposição dessas regras fora do ordenamento jurídico brasileiro que marginalizam produtores nacionais.