A agência de risco Moody´s elevou a nota de crédito do Brasil nesta semana. A promoção foi da nota Ba2 para Ba1, deixando os títulos públicos brasileiros a uma cotação do grau de investimento. A Moody´s compõe junto com as agências Fitch e S&P a tríade que define a confiabilidade dos títulos de países e empresas para o mercado financeiro globalizado.
Em pleno boom das commodities em 2008, o Brasil obteve o grau de investimento, perdido durante a crise econômica de 2015, que culminou no impeachment de Dilma Rousseff. Os mais diversos analistas se mostraram surpresos com anúncio da Moody´s, tendo em vista que tanto o déficit público como a dívida pública brasileira não mostram sinais de queda. A diminuição do déficit e da dívida são normalmente critérios para elevação do grau pelas agências de risco.
Contudo, deve-se ter em conta uma informação importante: em sua visita a Nova York, quando discursou na Assembleia Geral da ONU, Lula teria se encontrado com representantes das três agências. O que foi discutido exatamente nessas reuniões não se sabe, mas há alguns indícios.
Aos diretores das agências, Lula deve ter prometido apoio à Agenda 2030 e aos compromissos de tornar o Brasil a “grande potência ambiental”. No que interessa ao mercado financeiro, leia-se compromisso em consolidar o mercado de créditos de carbono, que dariam direito a países e empresas “compensar” emissão de CO2 pela compra de créditos de floresta virgem, sobretudo na Amazônia.
De fato, de acordo com a Moody´s, a agenda de transição energética seria um fator que poderia impactar o crescimento econômico do Brasil a médio e longo prazo, como forma de atração de investimentos externos.
Nesse sentido, o aumento do grau dos títulos do governo brasileiro não é impactado diretamente por esse compromisso, mas servem como um prêmio para os bons serviços prestados pelo governo e sua equipe econômica aos grandes operadores do mercado financeiro, interessados em novos mecanismos de acumulação diante da possibilidade de superaquecimento dos mercados, com a possibilidade de um novo crash ou recessão pela frente.
Bom para os grandes especuladores, mas não para o setor produtivo nacional. A inflação do mercado de créditos de carbono pode ser péssima para a agropecuária brasileira, uma vez os produtores comecem a parar de plantar e criar gado para lucrar com o mercado de títulos.