Terminou em confusão o Acampamento Terra Livre (ATL) de 2025, na quinta-feira, dia 10, quando um grupo de manifestantes indígenas rompeu a barreira de grades no entorno do Congresso Nacional, ameaçando invadir o prédio. Foram impedidos pelas forças policiais que contiveram a multidão com bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral.
O evento ocorre anualmente na capital federal desde 2004 e é organizado pela Articulação dos Povos Indígenas (APIB), para veicular supostas demandas dos povos indígenas. A APIB foi constituída a partir de diversas organizações regionais com o propósito de constituir o ATL, segundo a organização. Neste ano, os temas de protesto foram a contrariedade à exploração de petróleo na Foz do Amazonas e à lei que institui o marco temporal na data de promulgação da Constituição de 1988 para a demarcação de terras indígenas.
Tomaram parte nos protestos organizações como a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COAIB) e o G9 da Amazônia, uma articulação entre organizações indígenas de nove países pan-amazônicos. Esta organização teria lançado um manifesto contra a exploração de petróleo na região.
Contudo, curiosamente, esse rechaço à exploração de combustíveis fósseis não impediu a Embaixada da Noruega no Brasil oferecesse um jantar em homenagem aos 20 anos da constituição da APIB. O evento contou com a participação da ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara, da deputada Célia Xakriabá – que esteve presente no que acabou em conflito, no dia 10 – além do embaixador Odd Magne Ruud e da representante norueguesa na COP 30, Marianne Karlsen.

A Noruega é um dos grandes exploradores do petróleo no mundo, cujos recursos financiam não só seu fundo soberano como diversas ações de cunho indigenista e ambientalista no nosso continente.
Pelo visto, as organizações indígenas como a APIB e a COIAB só se preocupam com a emissão de gases do efeito estufa na Amazônia, não no Mar do Norte. Talvez seja por isso que o acampamento teve um público estimado de 8 mil pessoas, muito pouco para nós que estamos acostumados a ver multidões em protestos políticos pelos grandes centros do Brasil. No entanto, essas organizações, ainda que diminutas em termos de representação política de massas, mesmo na Região Norte, conseguem bastante influência nas ações do governo federal e também do Judiciário e Ministério Público.
Imagem de capa: Metrópoles.