Do Movimento de Solidariedade Íbero-americana.
Os produtores agropecuários do Paraguai partiram para o confronto direto com o aparato ambientalista-indigenista internacional, em suas campanhas permanentes contra o desenvolvimento do país.
Em novembro, por ocasião dos seus 32 anos de existência, o Consórcio de Pecuaristas para Experimentação Agropecuária (CEA) promoveu um grande seminário internacional, no qual um dos principais temas discutidos foram as crescentes restrições de cunho ambiental à expansão da produção agropecuária, com destaque para as provenientes da União Europeia (UE) e dos EUA, estas vocalizadas pelo enviado especial da Presidência para o Clima, John Kerry.
O presidente do Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa), Lorenzo Carrasco, foi um dos palestrantes convidados para o evento, falando sobre as origens e aspectos políticos do movimento ambientalista.
Igualmente, esteve em Assunção o físico estadunidense William Happer, professor da Universidade Princeton e ex-diretor de pesquisas do Departamento de Energia dos EUA, para uma série de eventos, nos quais destacou nas questões científicas sobre o inexistente aquecimento global originado pela ação humana. Em uma entrevista ao jornal ABC Color, o mais importante do país, ele foi direto: “A mudança climática é real. Sempre existiu desde que o mundo existe. Essa mudança, em particular, começou no século XIX, muito antes da elevação dos gases de efeito estufa. As evidências científicas são muito claras (ABC Color, 26/11/2023).”
As intervenções de Carrasco e Happer refletem o grande descontentamento vigente no país contra a agenda ambientalista e, sem surpresa, as suas presenças na capital paraguaia causaram uma profunda irritação entre as redes ambientalistas-indigenistas que operam no país. Em 30 de novembro, o WWF-Paraguai, em nome de uma certa coalizão #PorLosBosques, constituída por dúzias de ONGs integrantes daquele aparato, divulgou uma nota de protesto:
“A coalizão #PorLosBosques, formada por organizações da sociedade civil paraguaia, em sua maioria organizações ambientais, sociais e de saúde, lamenta profundamente as recentes campanhas realizadas pela Câmara Paraguaia de Exportadores e Comerciantes de Cereais e Oleaginosas (CAPECO), pela Federação das Cooperativas de Produção (FECOPROD), a União dos Sindicatos de Produção (UGP) e o Consórcio de Pecuaristas para Experimentação Agrícola (CEA), às vésperas da Conferência das Partes (COP-28) sobre mudanças climáticas, em Dubai. Estas ações procuram distorcer a imagem da comunidade científica sobre as mudanças climáticas e das organizações conservacionistas, prejudicando a sua credibilidade nas ações que visam a proteção da biodiversidade, o combate à crise climática e a promoção do desenvolvimento sustentável.
“Durante as últimas semanas, William Happer e Lorenzo Carrasco, militantes opositores à convenção sobre as mudanças climáticas e a proteção da biodiversidade, realizaram seminários, conferências, entrevistas e lobby em níveis significativos, em colaboração com o setor produtivo, especificamente, FECOPROD, CAPECO, UGP e CEA. Isto tem fomentado uma cultura de desinformação e polarização entre dois setores-chave para o desenvolvimento sustentável do nosso país: produtores e organizações conservacionistas. (…)”
A resposta foi rápida. No dia seguinte, a Fundación PRODINAMIS, representando as organizações criticadas, publicou uma “Resposta ao WWF: paradigmas ou paradogmas?”, na qual afirma que a ONG pretende “entender melhor os interesses dos produtores que os seus próprios sindicatos”.
Concentrando-se na crítica feita a Happer e Carrasco, de que lhes faltariam “credenciais acadêmicas” para discutir questões climáticas, o manifesto afirma: “É surpreendente que, reiteradas vezes se fale de um ‘consenso científico’ e que aqueles (marginais) que não o subscrevem geram ‘desinformação e polarização’… Em Ciência não se buscam ‘consensos’. Em Ciência se busca a verdade. Em um momento dado, os ‘especialistas’ da época tinham o ‘consenso’ de que a Terra era fixa no centro do sistema planetário e todos os demais astros giravam em torno dela. De acordo com essa maneira peculiar de entender a Ciência, Copérnico pode ser réu de ‘desinformação e polarização’. O razoável, em Ciência, é o dissenso, a dúvida como método e o debate. Até a década de 1920, o ‘consenso científico’ era que o Universo era eterno (quer dizer, sem princípio). Este ‘consenso’, agora, é outro. (…)”
A nota conclui de forma contundente: “Deixemos os dogmas a outros campos do conhecimento ou da experiência. Em Ciência, discutimos paradigmas e cuidemo-nos de que estes nunca se convertam em paradogmas.”
Com suas decididas e valentes ações, os produtores paraguaios, refletindo uma atitude geral do governo do presidente Santiago Peña, que acaba de assumir a presidência pro tempore do Mercosul, se colocam na vanguarda da reação que começa a ganhar corpo em outros países, contra os excessos e abusos do aparato ambientalista-indigenista internacional e suas campanhas contrárias ao desenvolvimento e ao progresso. Oxalá, o seu exemplo atravesse as fronteiras do país.