Burocracia da Funai e do Ibama impedem produtores rurais indígenas a terem acesso a recursos do Plano Safra.
Produtores indígenas de Campo Novo do Parecis (MT) devem reduzir pela metade o cultivo de soja em suas terras agricultáveis neste ano. Organizados em uma cooperativa, eles não conseguiram obter um crédito de R$ 150 milhões por falta de um documento da Funai, conforme o presidente da cooperativa Arnaldo Zunizakae explica:
“Estávamos com um projeto de R$ 150 milhões para custear a nossa safra e esse dinheiro só não saiu por questão de garantia do penhor da safra, documento que a presidência da Funai teria que ter feito através de uma portaria nomeando um servidor dela para assinar o penhor da safra e isso infelizmente está em Brasília parado. O banco estava apenas esperando, exigindo isso para liberar o crédito. Agora estamos aqui concluindo o plantio, sem recurso público e pagando juro alto para poder plantar”.
A produção é feita em terras indígenas, que somam um total de 1,1 milhão de hectares, dos quais menos de 2% são destinados à agricultura. De todos os trezentos trabalhadores envolvidos na produção, 95% deles são indígenas, de acordo com a cooperativa. Segundo os representantes da cooperativa só a caça e a pesca não garantem o bem-estar das suas comunidades, sendo necessária a atividade agrícola moderna para garantir o sustento de todos.
Além disso, a ação do Ibama restringe o acesso a melhores sementes, o que faz com que os produtores indígenas se restrinjam ao uso de sementes convencionais.
“Nós plantamos 20 mil hectares e esse ano, até por questão de preço, do alto custo da soja, vamos plantar no máximo sete mil hectares de soja. Hoje, para eu plantar aqui gasto em torno de 40 sacas por hectare. Eu poderia estar trabalhando com 27, 30, 32 sacas no máximo se eu tivesse acesso a essa semente geneticamente modificada. A gente gasta muito mais produtos para controlar o mato, controlar doença”, afirma o presidente da cooperativa.
Segundo os produtores, eles recebem visita de indígenas de várias regiões do país, interessados em conhecer como eles tornaram parte de suas terras em áreas de agricultura moderna e mecanizada. Mas queixam-se das autoridades por não tratar da agricultura indígena com seriedade.
Com informações do Canal Rural.