Demanda por energia em alta para alimentar a infraestrutura de I.A., apesar do apelo pela redução do consumo pela “transição energética”.
Quando os idealizadores da “transição energética” começaram a enfiar a sua esdrúxula agenda goela abaixo dos governos incautos ou intimidados de todo o mundo, o “boom” dos data centers ainda mal estava no horizonte. Porém, com a explosiva expansão da Inteligência Artificial (IA), o seu colossal consumo de eletricidade expôs às claras o equívoco da confiança excessiva na geração elétrica dita “renovável” com fontes eólicas e solares – intermitentes, instáveis, de baixa eficiência e incapazes de atender às necessidades das novas tecnologias de informação.
E os problemas estão apenas começando. Na Irlanda, cuja capital Dublin é o terceiro maior “hub” de data centers do mundo, eles consumiram 21% da eletricidade gerada no país em 2023, superando o consumo residencial pela primeira vez. As projeções indicam que o consumo poderá dobrar até 2026, superando a capacidade de atendimento do sistema elétrico, no qual a geração eólica tem aumentado nos últimos anos, chegando a 36% em 2020, em detrimento da participação cada vez menor do carvão e da turfa (o gás natural é principal fonte geradora, com cerca de 47%). Como a expansão dos data centers é mais rápida que a da oferta de energia, várias empresas poderão deixar o país.
Mas a Irlanda está longe de ser a única a enfrentar o dilema. Um estudo da Universidade de Loughborough (Inglaterra) estima que o fornecimento de eletricidade “renovável” não será capaz de atender a demanda de dados digitais já a partir de 2025. E que, mesmo com as demais fontes energéticas, as atuais projeções apontam que o consumo das redes de dados poderá igualar-se ao de todas as demais atividades até 2033 – cenário que os autores do estudo rotulam como um “apocalipse energético ou de dados”.
A questão é básica: a “transição energética” idealizada pelos “descarbonizadores” da economia mundial caminha no sentido inverso da evolução tecnológica. Em outras palavras, as fontes eólicas e solares oferecem densidades energéticas uma a duas ordens de grandeza inferiores às das fontes convencionais, como usinas termelétricas e nucleares, igualando-se apenas às hidrelétricas, mas estas têm a vantagem de oferecerem uma geração contínua (“despachável”, no jargão técnico da área).
Por isso, algumas gigantes da tecnologia de informação, como Microsoft, Google e outras, estão investindo na geração com reatores nucleares modulares (SMR), como forma de assegurar o seu fornecimento. Mas, aqui no Brasil, onde a ilusão com a “transição energética” ainda é grande, alguns imaginam ser possível atrair os data centers com a “energia limpa” das fontes eólicas e solares (que já estão causando não poucos problemas para o sistema elétrico nacional).